Drops de uma ultima semana

Malas prontas.

Alem da minha volta do Brasil, que na verdade não movimenta muito espaço físico da minha casa, minhas flatmmates estão de mudança. Tem caixas pela casa toda, mas ainda resta a TV, DVD e sofás para o meu conforto.
Como estou indo embora e não tem pq gastar mais do que eu gasto normalmente, coloquei meus pertences mobiliários a venda. Minha amiga e anjo daqui vendeu minha cama. O comprador eh um oriental da indonésia (falei que aqui vc descobre que não eh so Japão, China e Coréia ne) de 1metro e meio, muuuito simpático. Ele me aliviou dizendo que faz questão de desmontar a cama, ufa, pq eu simplesmente não faço idéia qual é o passo seguinte após retirar o colchão do estrado.
Agora tenho um armário. Não sei o que fazer. Não anunciei na internet, afinal sou preguiçosa ate pra isso. Falei com alguns amigos, mas não ajudou. To pedindo preço de banana, mas é melhor que colocar na rua, ainda acho isso mto estranho, 6 meses não forma suficientes pra compreender esse esquema de deixar coisa boa na rua pra outra pessoa pegar. Muito hippie, ou esquerdista pra mim.

Nessa semana de despedida me peguei pensando: “nossa, é o ultimo domingo em Sydney. Essa eh a ultima vez que vou ver essa pessoa. Hum, ultima vez que verei esse local especifico.”
Engraçado, em nenhum momento fiquei triste. Meu chefe hj perguntou se um dia volto aqui, não quis ser desagradável, ou ingrata, mas .... na verdade eu não penso em uma volta. Nem de férias. E ainda sim acho que é um lugar muito especial, e completamente compreensível e válido o pq as pessoas que vem em geral pra ca, não voltam. Talvez se eu tivesse vindo em outro momento (sem trabalho, pós pé-na-bunda, pos-facul, etc) eu tbem não voltaria pra SP.

Preciso confessar que estou muuuito frustrada ainda financeiramente, queria comprar mil presentes, mil coisinhas pessoais, e ainda acho que meu dinheiro não vai dar nem pra eu aproveitar tudo da minha ultima viagem. Mas ok, estou tentando trabalhar isso mentalmente, e rezando por um salário bem bonito quando voltar. Essa foi uma grande mudanca, eu gastava dinheiro sem dó, hj eu só tenho dó por nao te-lo.

Amanha é meu ultimo dia de trabalho, a única vontade que tenho é de olhar pra uma velha-louca que tem la e dizer tudo o que acho dela em português. To pensando nisso ainda. Mas o que faz pensar mesmo é na questão “velha-louca”. Exceto pela Samsung onde tinham koreanos-loucos,em todos os lugares que já trabalhei havia uma “velha-louca”, e daí reflito: será que um dia eu serei uma “velha-louca”? será que já sou considerada por estagiários uma “trintona-louca”? Não sei, mas acredito ser impossível escapar do rotulo de qualquer forma.

To sem novidades, meu final de semana foi dedicado a amiga (e anjo) que esta voltando pro Brasil depois de 5 anos e esta bem sensível com despedidas. Foi delicioso, e no domingo almoçamos num restaurante caro e lindo. Doeu no bolso, mas foi gostoso.

Aos 30 anos um sentimento novo manifestou no meu ser. A sensação de CHECK. A primeira vez foi na neve, e foi maravilhoso. Agora começo a sentir o CHECk por ter morado fora do Brasil. Foi diferente do que imaginava, foi menos emplgante do que me venderam, mas definitivamente a sensação de sonho realizado é um alivio. Engraçado é que nunca imaginei que sentiria isso, mas é real, a gente realmente sente o dever cumprido quando realiza um sonho. E que paz que isso dá.

E que vontade de ter novos planos, mais reais, mais concretos que isso nos dá.

Estou ansiosa? Menos que eu imaginava, parece que chegar perto do dia do embarque me acalmou bastante, e mesmo tendo 1 zilhao de planos pra volta pra casa, a única certeza que tenho é o cardápio dos primeiros 4 dias. Interessante como a família sempre nos agrada com comida, mesmo que vc passe a vida inteira lutando com isso.

Bom, sábado tem despedida da Camila no aeroporto, mudança de apartamento e uma baladinha com as gauchas pra dizer tchau. Domingo vou pra Whitsundays ver os famosos corais , volto pra Sydney na quarta onde acho que vou pra baladinha do pessoal da escola, e na quinta embarco com uma provável ressaca.

Fiquei 6 meses na Austrália com a maior parte do tempo livre, e na ultima semana to na correria...pois é, natureza humana, não importa onde vc esteja, a sua te acompanha.